Este pequeno ditado popular caracteriza muito bem a essência da Técnica Alexander. Considerando este ponto de vista, poderíamos interpretá-lo: quando a mente não pensa conscientemente, o corpo sofre com as sequelas. Neste momento, é importante ressaltar que corpo e mente são indivisíveis; ou seja, estamos falando de uma unidade psicofísica que compõe o ser humano.
Seria um truísmo dizer que pensamos sempre ao fazermos alguma coisa. O que não acontece, no entanto, é a consciência destes pensamentos. Quantos de nós já não exclamamos ou ouvimos outros dizendo: “Desculpa, falei sem pensar”;
“Se tivesse pensado antes, não teria feito o que fiz”. Na verdade, se parássemos para pensar, poderíamos optar pela reação mais apropriada diante da circunstância em questão.
É isto que F.M. chamou de “uso” – a prática da habilidade de parar, antes de reagir a um estímulo recebido, e reagir de acordo com a nossa vontade. Em outras palavras, praticar com consciência o exercício da escolha. Frequentemente, por uma questão de costume, não fazemos isso. Preferimos agir, o mais rápido possível para não perder tempo, ou para não ter que pensar muito, ou, ainda, porque queremos resolver logo aquele caso e encarar o próximo. Assim sendo, deixamos de usufruir das diversas possibilidades que nem sequer enxergamos.
Como consequência, ao longo de nossas vidas, desenvolvemos uma maneira usual e muito particular de ser. Este modo, bem individual, está presente em todas as nossas atitudes, embora frequentemente inconsciente devido à familiaridade.
A Técnica Alexander apresenta um método prático de identificação e superação destes costumes. Pode-se dizer que o professor auxilia o aluno a se tornar consciente da tensão e do esforço desnecessários, exercidos em todas as coisas que se faz, não ensinando a fazer o que se julga certo, mas sugerindo o caminho que leva a parar de fazer o que está errado. O entendimento deste princípio é fundamental em qualquer tentativa de mudança do “mau uso” e reflete uma das diferenças básicas entre esta Técnica e qualquer outro método.
Durante o processo de aprendizagem da Técnica, portanto, o professor oferece ao aluno, através de novas observações e experiências, os meios pelos quais ele pode se libertar da estrutura excessivamente tensa com que convive. Como resultado, o porte livre e natural do corpo pode emergir.
Enraizado neste conceito de unidade mente-corpo, a Técnica Alexander traz benefícios tanto físicos como também psicológicos, mas nem por isso é considerada uma terapia. Esta Técnica abrange o domínio da saúde-educação, exercida por professores especializados e treinados a observar, particularmente, a influência do “mau uso” sobre a funcionalidade do organismo, principalmente a funcionalidade do mecanismo de postura e do mecanismo respiratório.